A falta de planejamento e a expectativa de cumprir metas impossíveis podem acabar com os planos de uma pessoa começar uma vida mais saudável. Felizmente, há formas de evitar que a mudança vá por água abaixo
O sedentarismo está entre
os dez principais fatores de risco que ameaçam a saúde, segundo uma pesquisa
sobre a carga global de doenças feita em 2010. Outro extenso estudo, feito na Austrália e publicado em
2012, provou que o sedentarismo não só provoca doenças, como encurta a
vida.
A pesquisa avaliou mais de 200 000 pessoas acima de 45 anos e descobriu que as mais sedentárias tinham duas vezes maiores chances de morrer em um período de três anos do que os sedentários que se exercitavam mais.
Os potenciais prejuízos do
sedentarismo e os efeitos benéficos da prática de atividade física são bons
motivos para começar a se exercitar. Mas é comum que pessoas desacostumadas à
prática de exercícios se sintam desmotivadas pouco depois de iniciar alguma
atividade — e voltem para o sofá. Em muitos casos, isso acontece por um mau
planejamento. São armadilhas comuns escolher uma modalidade com a qual não se
identifique, não adaptar os horários dos exercícios à rotina ou traçar metas
impossíveis de serem alcançadas. Conheça as melhores estratégias para sair do
sedentarismo de vez.
Avalie o seu físico
Passar por uma avaliação
de flexibilidade, fôlego, força muscular e composição corporal é importante
para medir o progresso que virá com a prática de exercícios. Esse teste pode
ser feito por um profissional de educação física. Já pessoas sedentárias com
mais de 40 anos ou que tenham algum fator de risco, como sobrepeso e
hipertensão, devem agendar uma consulta com um médico antes de iniciar uma
atividade física. "Há recursos que traçam o perfil do indivíduo e permitem
dizer se ele pode fazer exercícios mais intensos ou se deve optar pelos
moderados", diz o fisiologista Turíbio Leite de Barros. Trata-se de testes
como o cardiopulmonar, que mede a aptidão cardiorrespiratória, e o ergométrico,
que avalia o coração em situação de stress, geralmente com o paciente se
movimentando em uma esteira ou bicicleta estacionária.
Estabeleça metas realistas
Ter objetivos ao iniciar
uma atividade física é motivador – desde que eles sejam realistas. "Uma
pessoa que decidir perder 10 quilos em dois meses dificilmente vai conseguir
alcançar a meta e, de certo, vai desistir do compromisso", diz Renato Dutra.
O ideal, segundo o educador físico, é estabelecer objetivos de curto (um a três
meses), médio (quatro a seis meses) e longo prazo (um a dois anos). "Metas
possíveis para um sedentário são, por exemplo, emagrecer 1 quilo em dois meses
ou, em um mês, correr 10 minutos ou subir um lance de escada sem se sentir tão
cansado." Um dos melhores estímulos é enxergar os resultados.
Escolha um exercício
prazeroso
É comum que corrida e
musculação, pela difusão e pela praticidade, sejam as primeiras opções na hora
de escolher um exercício. Mas isso não quer dizer que elas sejam prazerosas
para todo mundo. A regra é experimentar diferentes modalidades até encontrar a
mais agradável. "Para sair do sedentarismo, a pessoa deverá buscar um
exercício com o qual se identifique", diz Renato Dutra. "Só assim ela
descobrirá que, em vez de musculação, prefere pilates, ou que se sai melhor na
dança do que na corrida."
Comece devagar
Pessoas que não estão acostumadas a se exercitar devem começar uma atividade física aos poucos, com uma intensidade leve e respeitando os limites do corpo. Isso vai ajudar a evitar lesões e diminuirá as chances de o indivíduo se sentir desestimulado com o exercício. Variar as modalidades também é uma medida que ajuda a espantar o desânimo. "Faça, por exemplo, musculação em um dia, um exercício aeróbico no outro e uma aula de alongamento no dia seguinte”, diz o educador físico Renato Dutra.
Persista nos novos hábitos
É normal que uma pessoa
decida se exercitar duas vezes por semana, mas, logo no início, um imprevisto a
impeça de cumprir esse objetivo. "Ela não pode desanimar por causa disso.
Se não deu, deve tentar de novo na outra semana. Para criar um hábito, é
preciso investir nele, reforçando determinados comportamentos. Uma pessoa que
sempre foi sedentária não pode ser tão exigente consigo mesma”, afirma Dutra.
Fontes: Renato Dutra,
educador físico e diretor técnico da Run&Fun Assessoria Esportiva; Clínica
Mayo; Turíbio Leite de Barros, fisiologista do esporte e coordenador do
Instituto Vita.